Missão


A Fotografia a preto-e-branco é a manifestação mais nobre da 8ª Arte. Uma imagem vale por si, pelo que contém e pelo que comunica. Todos os elementos acessórios são expurgados (começando pela cor) a ponto de não se sentir a sua falta.

Este singelo blogue pretende celebrar a Fotografia a preto-e-branco, relevando o papel dos Fotógrafos que, em nossa opinião, mais contribuiram para esta Arte.
Em complemento, os Autores do blogue irão trazer aqui algumas das suas próprias criações a preto-e-branco. Consoante a época em que foram produzidas (de 1960 até à actualidade) utilizaram-se múltiplos procedimentos na elaboração destas imagens.

Os detalhes técnicos de cada fotografia são deliberadamente escassos. Como se pretende, as imagens valem por si e as particularidades do processamento são quase sempre irrelevantes.

As imagens dos Grandes Mestres frequentemente retratam lugares, pessoas ou acontecimentos do conhecimento público. Do mesmo modo, considerou-se pouco relevante a sua legendagem quando o que se pretende é despertar a atenção do visitante para o portfolio dos Mestres, suscitando a vontade de melhor os conhecer.

A receita de Mário Marzagão

Mário Marzagão traz a este blogue algumas fotografias a preto-e-branco produzidas no último quarto do século passado.
Estas imagens nunca tiveram nome.   Mas, para o efeito, interessava dar-lhes uma identidade própria.   Os nomes escolhidos foram os que se pensou que melhor poderiam relacionar-se com as imagens, e a eventual escolha de nomes estrangeiros deve-se apenas a essa pretensão.   Pretensão sim, pretenciosismo não.
Onde é nítida (ou imaginada) a influência dos Mestres, a referência a esse facto é clara, fazendo jus ao provérbio "a imitação é a melhor forma de lisonjear".
 



Ao Amador, levanta-se desde logo a questão da reprodução fiel das imagens.   As fotos estão, na sua maior parte, impressas em papel nos formatos 18x24cm, 24x30cm e 30x40cm.   Para o mais pequeno destes formatos recorreu-se à digitalização com um scanner @ 1200 ppi, utilizando uma imagem-padrão para optimizar a reprodução das tonalidades e da gama de cinzentos (a célebre "Shirley" da Kodak).   Como os formatos maiores não cabem no scanner, resta a opção de os fotografar digitalmente e afinar a imagem para reproduzir o original o melhor possível (de novo com a ajuda da "Shirley").

 

Os filmes mais utilizados foram Kodak Tri-X e Ilford HP5, sempre revelados em casa, com banhos de diferentes fórmulas consoante o objectivo pretendido.   O papel utilizado foi Agfa Record Rapid (graduações 2, 3 e 5), revelados e fixados com banhos de composição variada, adequados ao fim em vista.   Várias imagens tiveram processamento adicional (por exemplo, para alterar químicamente a cor do depósito de prata) ou foram sujeitas a impressão em papeis especiais (alguns de elaboração caseira) ou alteração física.   Muitas das preparações utilizadas (reveladores, fixadores, banhos de pós-processamento) resultam de experimentação e formulações próprias.

Notas de rodapé:

A eventual margem branca irregular de algumas imagens denota a utilização integral do negativo, pressupondo aquilo que o Autor entendeu como o "enquadramento perfeito" de origem.

O processamento digital de fotografias obtidas a partir de negativo (ou por digitalização directa do próprio negativo) tem uma fase inesperada e anteriormente inexistente.   Com a ampliação da imagem revelam-se *milhões* de imperfeições anteriormente indiscerníveis.   Mau-grado todas as precauções, poeiras ou filamentos microscópicos depositam-se no negativo e são transferidos para a prova em papel e para a imagem digital.   O que era totalmente invisível no processo convencional aparece agora com um realce inimaginável.   E, onde dantes se usava o lápis e o pincel de retoque para as pequenas imperfeições, recorre-se agora ao "cloning".   Mas optou-se por manter a correcção no limite do razoável, apenas ao nível do que é aparente a olho nu (tal como outrora se fazia).


1976

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